Seminário em Porto Alegre aborda cenário econômico e político brasileiro

A Agência de Desenvolvimento e Inovação Local – AGIL, marcou presença em um evento empresarial realizado em Porto Alegre no dia 23 de novembro, contando com a participação de personalidades como: Eduardo Leite: Governador do estado do Rio Grande do Sul; Michel Temer: Ex-presidente do Brasil; Mansueto Almeida: Economista Chefe do Banco BTG Pactual; e Rogério Freitas: Sócio da XP Inc. e Head de Gestão da XP Advisory.

Abaixo, apresentamos uma análise mais detalhada das contribuições de cada palestrante: 

Eduardo Leite 

  • Leite ressaltou as reformas e o compromisso fiscal do governo do estado, que geraram a retomada da capacidade de investimentos do estado, fundamental para o desenvolvimento econômico;

  • Sobre o futuro do estado, o governador falou sobre a necessidade do aumento do ICMS, sendo necessário aumentar esta alíquota, neste momento, para aumentar a participação do estado em futuro rateio no retorno de imposto federal a partir de 2033.

  • Leite ressaltou: “Um sacrifício necessário neste momento para benefício futuro”. Serão R$100bilhões de reais que podem deixar de ser repassados pelo governo federal em função do valor com que o estado contribui neste momento. A contribuição de 2024 a 2028 é a baliza para o rateio futuro.

Michel Temer 

  • O ex presidente iniciou a fala dizendo que traria obviedades e trivialidades, que foram esquecidas ao longo do tempo;

  • De forma pacífica e com conversa, trouxe que, em seu governo, realizaram uma reforma trabalhista sem nenhuma greve de trabalhadores. Harmonizaram a relação entre empregado e empregador, os dois agentes promotores de geração de renda e desenvolvimento;

  • Temer ressaltou a necessidade do país colocar sempre em frente os desafios da nação, a ideia da pacificação e da harmonia;

  • No aspecto econômico, disse que o resultado vem por um conjunto de ações, não com uma ação fazendo mágica. Ter um olhar sistêmico em uma conjuntura de ações, é o que gera o desenvolvimento de fato;

  • Em uma fala sobre a Constituição, ele ainda afirmou que a pacificação que necessitamos vem do texto constitucional. O tema da paz permeia toda a Constituição do Brasil. A desarmonia entre os 3 poderes é uma inconstitucionalidade;

  • Referente ao novo presidente argentino, Temer disse que acredita que a fala dele é política. Não acredita em mudanças drásticas práticas, faladas em campanha;

  • Com relação aos extremismos políticos, Temer disse: “Tenho desprezo pelos conceitos de direita, esquerda e centro. Estes conceitos caíram todos junto com o muro de Berlim.” A nossa Constituição traz princípios liberais para a livre iniciativa e desenvolvimento e aborda os direitos sociais, necessários a todos;

  • Sobre o STF, comentou: O STF só se posiciona sobre o que é levado até ele. Se não for acionado pelos órgãos políticos, ele não pode se manifestar.

Mansueto Almeida 

  • Afirma que Brasil hoje é muito melhor do que era em 2016;

  • Em 2015 e 2016 tivemos dois anos de queda de PIB. Somente em 1930 e 1931 tivemos dois anos de queda de PIB;

  • Mercado de capitais saiu de R$100bi para R$500bi nos últimos anos. Foi trocado o financiamento público pelo financiamento privado. Sair da dependência do dinheiro público para o investimento privado é muito positivo;

  • Houve queda de 60% de processos trabalhistas em função da reforma trabalhista;

  • Desde 2016, passamos de importador para exportador de petróleo. Muito bom para nossa economia. Em 5 anos o Brasil estará entre os 5 maiores exportadores de petróleo do mundo;

  • Entre 1997 a 2016 o Brasil teve crescimento real de 6% ao ano no gasto público, isso é realmente trágico e alarmante para o investidor. A criação do teto de crescimento máximo do gasto para até 2,5% foi maravilhoso, pois traz previsibilidade para o investidor;

  • Sobre o cenário de juros: existe muito espaço para cortar muito mais a atual taxa Selic. Dois aspectos influenciam diretamente nisto: 1: necessitamos aguardar acalmar o juro nos Estados Unidos, e as perspectivas lá para os próximos 10 anos não são muito promissoras. Hoje, o juro americano está em 4,4%. Se ficar neste patamar ou baixar um pouco, para o Brasil já é considerado um cenário positivo. Teremos impacto negativo se subir mais deste patamar. Aspecto 2: o governo brasileiro precisa cumprir a meta de despesas (responsabilidade fiscal);

  • Nos próximos 10 anos não teremos juro real negativo no mundo, como ocorreu nos últimos 15 anos;

  • Brasil está com salário real crescendo, menor taxa de desemprego desde 2014. O grande problema é o endividamento da população;

  • Com as reformas tributárias, a carga tributária do Brasil NÃO VAI CAIR, não vamos nos enganar. Mas ao menos será um sistema tributário simplificado e só isso já é bom;

  • A Reforma tributária em verdade são duas. O IVA agora e depois o Imposto de Renda. Virá a tributação de lucros e investimentos;

  • Para terminar, precisamos fazer uma revolução na educação. Passamos de 7% da população para 14% com mais de 65 anos, em 20 anos (a França levou 100 anos para o mesmo movimento). Para a produção do país não cair, teremos que aumentar a produtividade, e isto se dá com tecnologia e educação;

  • Hoje o brasil é credor em dólar, antigamente era devedor em dólar.

Rogério Freitas 

  • O Brasil é “dragado” por tudo que acontece no mundo. Podemos fazer tudo certo internamente e ter um cenário econômico turbulento em função do que está acontecendo no mundo. Economias em desenvolvimento são assim;

  • O que mais afeta o Brasil no momento é o Treasure 10 anos dos Estados Unidos (a perspectiva da “taxa Selic” americana para 10 anos), que é considerada a taxa livre de risco do mundo. O fluxo de caixa de todos as empresas sofrem o desconto desta taxa;

  • Nos últimos 15 anos era muito fácil tomar crédito e assumir riscos. Todas as crises que houveram neste período, o governo injetou dinheiro nos bancos e nas empresas para não quebrarem. Foi uma lógica de “privatizamos o lucro e socializamos o prejuízo”. Agora esta conta chegou. O efeito colateral de todos estes excessos é o efeito de dívida enorme gerado ao governo americano, principalmente, muito maior do que sempre teve. E isso é um problema, pois o mercado agora cobra prêmio de risco maior dos Estados Unidos, afetando diretamente nosso mercado;

  • O compromisso fiscal do governo é o calcanhar de Aquiles do Brasil, hoje;

  • A produtividade brasileira é super importante para os próximos anos, assim como a educação. Se não avançarmos nisso, teremos muitos desafios;

  • Finalizou dizendo que existem muitas oportunidades de investimento no momento e que a regra “ande contra a manada” continua valendo muito neste momento do Brasil.

Os apontamentos representam as falas dos palestrantes e estão apresentadas aqui sem julgamento de valor por parte da AGIL.

 

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